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Tido como uma das bases logísticas para os adventos do hidrogênio e eólica offshore, o Porto do Açu fechou mais dois Memorandos de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) nos últimos dois meses. Assim o número de acordos não vinculantes sobe para onze. Os últimos foram especificamente para estudos de viabilidade do vetor energético, com a norueguesa Fuella e mais recentemente junto a chilena HIF Global, multinacional de e-combustíveis que desenvolve projetos em combate às mudanças climáticas.
A companhia deverá ter uma reserva em uma área dentro do hub pré-licenciado de H2 e derivados do complexo, visando uma instalação de e-metanol com o hidrogênio gerado a partir de fontes de energia renováveis, juntamente com CO2 reciclado. Esse deve ser o primeiro projeto da companhia no Brasil.
A lista de MoUs do Açu ainda tem a Equinor (assinado em junho de 2022), Comerc Energia (novembro de 2022), SPIC (abril de 2023) e Eletrobras (maio de 2024). Já para os aerogeradores no mar, constam acordos com a EDF Renewables (agosto de 2022), Neoenergia (setembro de 2022), TotalEnergies (novembro de 2022), Ocean Winds (setembro de 2023) e Corio (março de 2024).
“O grande desafio ainda é a aprovação do marco legal, numa sinalização do Brasil para que os investimentos avancem”, pontuou o diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Prumo Logística Global, Eduardo Kantz, durante evento do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), em parceria com o Consulado da Bélgica no Rio de Janeiro e da própria empresa nessa quarta-feira, 16 de outubro, no Rio de Janeiro.
Complexo portuário em São João da Barra, no Norte Fluminense, acumula onze memorandos para estudos envolvendo hidrogênio e eólica offshore (Prumo)
O executivo ressaltou que até o fim do ano devem aparecer mais novidades envolvendo Açu e os dois mercados futuros. E que outro desafio será realizar a gestão da capacidade de escoamento e recebimento da energia, sendo a operação das térmicas da Gás Natural Açu uma grande diferencial para a região, que para ele já funciona como um elo de conexões entre os diferentes agentes da transição energética, assim como na sociedade para união de expertises com o Porto de Antuérpia.
Kantz também destacou a necessidade de mais atenção para a descabonização do setor de Transportes, com os serviços do porto já abarcando o provimento de energia renovável para navios rebocadores, que podem desligar seus motores para conexão a eletrificação em terminais. “Fomos o primeiro porto do Brasil a utilizar um framework para incentivos conforme a performance ambiental dos navios”, acrescenta.
A experiência belga
Segundo maior da Europa e líder em exportação, o complexo portuário de Antuérpia, localizado em Flandres, na Bélgica, ambiciona se tornar um dos maiores hubs para importar energia, armazenar e distribuir, principalmente ao Norte europeu. “Estamos construindo dutos adaptados para multimoléculas, utilizando metais compatíveis e trabalhando em consórcios, como com a Equinor, para captura de carbono”, revela diretor da Fluxys Brasil, Sébastien Lahouste, que também participou do evento destinado a debater os Portos Verdes e a Transição Energética.
Segundo Lahouste, a companhia está trabalhando há pelo menos cinco anos em estudos para redes e terminais do futuro, indo além do gás natural e biometano para a futura logística do hidrogênio e Captura, Uso e Armazenamento de Carbono (em inglês, CCUS). “É uma cadeia ampla em que é preciso garantir o abastecimento de insumos, matérias primas e energia”, reforça, sinalizando a aproximação estratégica com Açu e o setor elétrico e energético brasileiro pela abundância de fontes renováveis.
Outro ponto que vem avançando para Antuérpia é a descarbonização de suas operações, reportando um recuo de 60% em relação a 2017 e almejando o NetZero até mesmo antes de 2050. Um dos exemplos é a utilização de água do mar para regaseificação do GNL, além do CCUS que deve começar no ano que vem, captando 50% das emissões para produzir H2 azul ou para levar aos campos de gás ociosos do Mar do Norte.